Carnaval português

Uma cidade inteira em festa. Este é o princípio do carnaval de Ovar. A cerca de 50 km ao sul de Porto, o concelho tem cerca de 60 mil habitantes. No carnaval, esse número deve triplicar, especialmente na Noite Mágica. Inúmeros grupos de pessoas mascaradas – que, em Portugal, significa trajando fantasia – circulam pelas pequenas avenidas e ruelas da cidade. A multidão se estende desde o largo da igreja, passando pela praça central, até o entorno inteiro do centro.

A odalisca e o peluche gigante no comboio

A criatividade não estanca em perucas coloridas com topetes volumosos. Óculos bizarros e máscaras venezianas também não são o topo da festa. Vi grupos de chear leaders, bruxas e vampiros. Casais com fantasias em combinação. Um telemóvel, um grupo de bombeiros com carro e tudo, além de vários MM’s.
Um grupo de meninos resolveu ir de saia irlandesa. Por baixo, vestiam tanguinhas vermelhas de elefante, que deixavam a bunda à mostra quando exibiam as saias levantadas.

Os engraçadinhos gostaram de exibir a bunda, mesmo com a baixa temperatura da noite

O que mais gostei, foi um grupo de senhores e senhoras vestidos de lata, em analogia àquele personagem do Mágico de Oz. Prova de que todas as idades podem se divertir juntos, mesmo ao som de I Gotta Feeling, hit do século XXI. Aliás, isso é coisa que não se vê no Brasil.

Minhas amigas conheceram um grupo de mulheres que participa de um bloco chamado “As Palhacinhas”. Parece que existe fila de espera para entrar. Elas se reúnem no carnaval de Ovar há cerca de 50 anos, incluindo várias gerações.

Al-Qaeda (?) marca presença em Ovar

O que mais me impressionou foi a noção de respeito que as pessoas têm uma com as outras. Não há confusões, pancadaria ou rodas punk. Todos estão ali para interagir e brincar, mesmo regados a muito álcool. Outra coisa que não se vê no Brasil.

Aliás, não tem agarra-agarra, nem ninguém sendo beijado à força. O carnaval me provou de uma vez por todas o porquê de eu me sentir melhor na Europa do que no Brasil, além das questões evidentes de segurança e qualidade de vida. Por aqui há um sentimento de comunidade. Todos parecem cuidar de todos. O que é público não é do governo. É deles, de cada um dos portugueses. E eles respeitam isso. Respeitam tudo e todos.

Muita, muita, muita gente na Noite Mágica em Ovar!

Sempre que qualquer estrangeiro descobre que sou brasileira, uma das primeiras perguntas que me faz é sobre o carnaval. O velho papo de naked women, samba e cerveja. Na minha opinião, alegoria para vender o Brasil internacionalmente. Fato é que – ainda continuo a defender – o Brasil é bom pra visitar, não para morar.

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